Ainda que a pandemia tenha influenciado setores da economia e sociedade de maneiras distintas, é correto dizer que o varejo no geral tem enfrentado maus tempos. E ainda que tanto o setor quanto a economia brasileira tenham apresentado melhora a partir da segunda quinzena de abril, milhares de empresárias e empresários em todo o País acumulam dívidas, perdem funcionários, pedem recuperação judicial ou veem seus negócios irem à falência. E claro, há os que tiveram alguma conjuntura favorável e estão de vento em popa. De qualquer forma, há uma grande expectativa sobre a definição do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Nesta terça-feira (11), o Senado se reúne para discutir se o Pronampe se tornará permanente, já que a proposta estará na pauta do dia. Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o requerimento de urgência para o projeto de lei que torna o programa definitivo passasse à frente de outras votações a qualquer momento. Na ocasião, a Câmara fez alterações na proposição do texto enviado pelo plenário do Senado em março — e, por isso, o projeto retorna agora aos senadores para análise final.
Programa do Governo Federal destinado ao desenvolvimento e ao fortalecimento de pequenos negócios, o Pronampe foi criado como sistema de crédito emergencial para a pandemia no ano passado. Dada a situação crítica das PMEs e do varejo ao longo dos quatro primeiros meses de 2021 por conta da alta de contaminação e atrasos nas vacinas, setores da sociedade esperam a possível liberação do programa.
Ainda assim, não está claro se o programa se tornará política oficial de crédito e nem se as condições serão as mesmas da primeira liberação — tampouco se determinados setores terão mais ou menos benefícios e etc.
“Há várias discussões, mas o governo ainda precisa definir a origem do recurso, decidir se vai destinar recurso para algum setor específico ou não. O governo precisa ter as direções orçamentárias, e leva tempo para se definir o regulamento, definir ajustes de taxas e outras coisas”, explica o diretor de produtos para pessoa jurídica do varejo do Itaú Unibanco, André Daré.
Então, o que fazer enquanto o Pronampe aguarda aprovação e o que fazer se ele voltar?
Disponibilidade de crédito
Para responder à pergunta, primeiramente vale reforçar a perspectiva econômica para o momento. “O que observamos foi que, com o aumento de casos e a vacina não ter decolado, houve um arrefecimento na primeira quinzena de abril. Mas agora a gente vê uma recuperação ainda no mês de abril com a volta dos negócios e as vendas retomando. Imaginamos que em maio e junho haverá uma melhora conforme casos caem e as vacinas aumentam. O segundo semestre deve ser bem mais promissor e tender a um retorno a condições mais normais de temperatura e pressão”, prevê Daré.
Sendo a expectativa mais favorável ao avanço da economia, a disponibilidade de crédito deve chegar ou pelo Pronampe ou por outros produtos que bancos já ofertam ou venham a oferecer.
“O crédito é bem abrangente. Se [o Pronampe] for editado como na primeira vez, há a questão do faturamento para focar nas PMEs. É importante que elas não tenham atrasos em bancos”, observa o executivo. “E não é porque a taxa é atraente que o cliente precisa tomar o crédito. Mas se ele já tiver bastante crédito tomado no cheque especial, é claro que vale. Mas o importante é que a empresária ou empresário esteja consciente e avalie a condição cautelosamente para não aumentar a dívida. É preciso fazer um plano financeiro cuidadoso, verificar o valor das parcelas. Há empresas querendo fazer investimento, renovar o estoque. É preciso olhar para cada situação”, comenta Daré.
É preciso esperar?
O diretor do Itaú frisa que quem já se preparou e precisa tirar o plano do papel pode muito bem olhar para os produtos de crédito já disponíveis no mercado. “Cada banco tem sua regra de crédito, mas, basicamente, o que a gente recomenda é que o negócio esteja apto a tomar essas linhas de crédito e não tenha atrasos em bancos”, reforça Daré.
“Mesmo enquanto as linhas [do Pronampe] não estão disponíveis é possível adquirir linhas atraentes. A empresária ou empresário que tiver um imóvel pode colocar como garantia e conseguir taxas melhores”, exemplifica o diretor. “Há planos de renegociação de dívida e planos de carência para postergar primeiras parcelas que podem chegar a 90% delas”, esclarece Daré.
O diretor lembra que os investimentos dos bancos em tecnologia têm agilizado a tomada de crédito e melhorado a segurança do empresariado desde o ano passado, e que são convenientes para o momento e adiante. “Essas linhas de crédito mais baratas estão disponíveis em canais de atendimento que o cliente pode simular ou conferir créditos pré-aprovados no próprio aplicativo, sem ter que ir à agência negociar.”
Fonte: Portal Consumidor Moderno