O gerente-executivo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Daniel Sakamoto, participou no fim da tarde de terça-feira (9), da live “A era do crédito pós-pandemia”, realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Durante o evento virtual, Sakamoto fez um apanhado sobre a situação econômica brasileira e as tendências para o comércio em 2022.
“Pesquisas recentes feitas pela CNDL e o SPC Brasil nas principais datas comemorativas deste ano, mostram que o varejo tem retomado lentamente os patamares pré-pandemia, mas ainda não é suficiente para recuperar o prejuízo deste 1,5 ano de forte pandemia”, disse Daniel Sakamoto.
Apesar das sérias ameaças, há vários fatores positivos que podem representar oportunidades para o comércio, como o avanço da vacinação contra o coronavírus e o arrefecimento da pandemia. Atualmente, segundo dados do governo federal, mais de 50% da população já está imunizada com duas doses.
“O avanço da vacinação está permitindo que a gente possa aproveitar o nosso final de ano com lojas e shoppings abertos e restrições menores. Certamente, este ano teremos um Natal e um Ano Novo em família, depois de um 2020 de muito isolamento, de acordo com levantamentos da CNDL/SPC Brasil. Este ano será da volta do consumo e do encontro familiar”, resumiu Daniel Sakamoto.
Também devem movimentar a economia a demanda reprimida de consumo – principalmente, no setor de turismo e eventos –, a redução moderada nos níveis de desemprego – que aumenta o poder de compra da população – e a criação do Auxílio Brasil, programa do governo federal que apoiará 17 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade e terá um tíquete-médio de R$ 400.
“Há ainda a expectativa de crescimento da carteira total de crédito em 2022, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Não será um aumento tão grande quanto está sendo em 2021, mas deve ter sim mais crédito no mercado”, ressaltou o gerente-executivo da CNDL, acrescentando: “hoje, a relação crédito/PIB está acima de 50%, e se compararmos com 20 anos atrás, esta relação não batia 25%, ou seja, já estamos com muito mais crédito na economia, e isso é fundamental, porque sem crédito não há crescimento econômico”.
Ameaças
Com as projeções de alta na inflação (IPCA 10,25%) e nos juros (Selic de 7,75%), o dólar estacionado em patamar elevado (R$ 5,54) e a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) abaixo de 5% em 2021 – inferior à projeção média de crescimento mundial (5,7%) –, os empreendedores devem se preparar bem para os desafios de 2022. Aumentam mais ainda a necessidade de as empresas terem cautela e fazerem um bom planejamento, o desemprego beirando os 14% e cerca de 75% das famílias endividadas.
“Quando a gente avalia as ameaças para o comércio em 2022, a primeira das ameaças é o cenário macroeconômico. As condições do ambiente de negócio não são positivas. Além disso, ainda temos como ameaça o endividamento das famílias e o índice de inadimplência, que devem continuar em alta”, comentou o gerente-executivo da CNDL.
O alto custo da energia no país (combustíveis e eletricidade) também impacta negativa e diretamente a Indústria, o Comércio e o Serviços e afeta ainda o poder de compra do consumidor. “2022 se apresenta com grandes ameaças e desafios”, afirmou Sakamoto.
Crédito
Segundo Roque Pellizzaro Jr., presidente do SPC Brasil, o objetivo da live foi identificar os cenários que os empreendedores vão lidar em 2022. “O consumidor de bens e serviços, de forma geral, mudou: está consumindo tudo de forma diferente do que costumava consumir antes dos lockdowns Brasil afora. E o crédito faz parte deste contexto”, ressaltou Pellizzaro.
“O que a pandemia trouxe de novo foi a velocidade com que estas mudanças aconteceram e vão continuar acontecendo. Como os agentes econômicos vão se adequar dentro destes novos cenários e destas mudanças muito rápidas, é nosso principal ponto de atenção”, acrescentou o presidente do SPC Brasil.
Também participaram da live José Tosi, especialista em mercado financeiro; Marcelo Aragona, superintendente de Produtos e Negócios no SPC Brasil; e Eduardo Braz, fundador do marketplace Bom Pra Crédito.
José Tosi disse que a saída para melhorar a oferta de crédito no Brasil é o investimento em credit bureau (CB) e em open banking. O CB é um relatório completo sobre consumidores, com dados cadastrais, de comportamento em negócios e de relacionamento com o mercado. Já o sistema financeiro aberto possibilita que os clientes de produtos e serviços financeiros autorizem o compartilhamento de suas informações entre as instituições que integram o sistema, fomentando a concorrência entre os bancos e o avanço dos produtos e serviços financeiros.
“Além disso, com a quantidade e capacidade das máquinas e com o que a gente tem de poder computacional dentro das organizações, o analytics também é fundamental. Não é uma área para se economizar”, ensinou José Tosi, ressaltando ainda a necessidade de as organizações também investirem na prevenção à fraude.
Daniel Sakamoto também reforçou a importância da tecnologia na promoção do acesso ao crédito. “A boa notícia é que com muita tecnologia, dados e inteligência, o crédito tem tudo para ser mais acessível para a nossa população, seja pessoa física, seja pessoa jurídica. O crédito é o segredo para retomada econômica do país”, conclui o gerente-executivo.
Fonte: Varejo S.A