Apesar de algumas medidas de retomada começarem a aparecer, a pandemia da Covid-19 segue impactando os hábitos de consumo dos brasileiros. Considerando os acontecimentos do último ano e meio, prever o modo como os consumidores irão se comportar não é tarefa fácil, mas é necessária para se manter firme e, quiçá, conseguir predizer as ações do cliente. Informação, nesse cenário, vale ouro para os players que desejam se manter sólidos no pós-pandemia.
O Google News Lab, a fim de entender como a vida das pessoas foi impactada pelo isolamento social, criou a série “Vida em Quarentena”. O projeto leva em consideração dados quantitativos e qualitativos para se chegar ao diagnóstico dos reais impactos da pandemia – contexto extremamente incerto e sem precedentes. O resultado são quatro movimentos culturais e comportamentais que emergiram em 2020 e que vêm se potencializando e influenciando nas decisões de consumo:
1- Distopia otimista
Devido ao alto volume de informações disseminadas sobre a Covid-19, os seres humanos passaram a questionar em quais fontes poderiam confiar. Ao mesmo tempo, com o constante abre e fecha do comércio, a ideia de quarentena passa a se esfacelar, e as buscas pelo termo “terapia” aumentam 43%.
2- Aproveitamento das horas vagas em casa
As pessoas se sentem exaustas e, não à toa, há a procura por maneiras de positivar esse momento. Meditação, cursos, aprender novas receitas, fazer encontros on-line, pedir o prato favorito no delivery, limpar a casa ou planejar as finanças. Cada um cria as suas próprias soluções.
3- Novos acordos
Existe uma demanda crescente por ajuda e orientação diante das incertezas econômico-sociais geradas pela pandemia. Há uma grande reconfiguração dos pactos estabelecidos com instituições, marcas e pessoas. Destaque para a redução de 58% das buscas por “auxílio emergencial” e aumento para os termos “celular barato”, “empréstimos” e “dívidas”.
4- Retomada forçada
Passados 18 meses do início da pandemia, o Google News Lab registrou um sentimento geral da necessidade de traçar novos caminhos para o agora. O trabalho se torna o principal pilar para preservar uma sensação de normalidade e foco no presente. Manter-se ocupado é uma grande aspiração.
E é a partir de tudo isso que a companhia conseguiu chegar a três categorias e características de perfis de consumidores do “novo normal” e que vieram para ficar:
● Consumo de subsistência: aquele que compra o básico para sobreviver;
● Consumo de celebração: compra como expressão de prazer e premiação pessoal;
● Consumo de reflexão: aposta na funcionalidade e preza o consumo consciente, valorizando sustentabilidade e produção em menor escala.
Segundo o Google News Lab, com todas essas mudanças e observando esses novos dados, as empresas devem se preparar para propostas, motivações e budgets diferentes do pré-pandemia. Provas disso são a reconquista da confiança do cliente e a integração das jornadas off e on-line com a reabertura do comércio. Outro ponto a ser trabalhado é a experiência proporcionada nas lojas físicas, já que durante o isolamento o valor do e-commerce cresceu 238% em relação à 2019, sendo o Brasil o maior destaque da América Latina, segundo pesquisa da Kantar.
“As marcas de FMCG precisarão ser adaptáveis. Eles devem se concentrar em manter sua relevância para o comprador e acompanhar de perto quaisquer mudanças em cada mercado. Acima de tudo, a execução ágil será necessária para garantir que eles maximizem seu sucesso em cada formato de varejo”, revela o estudo.
Tendências para o segundo semestre
Torna-se relevante conhecer possíveis tendências dos hábitos de consumo daqui para frente. Uma pesquisa da Kantar sobre fast-moving consumer goods (FMCG) na América Latina cita três delas:
1- Contexto inverso
O impacto econômico total do bloqueio e os prazos para uma queda no apoio do governo ainda são uma incógnita, mas as marcas devem esperar que os clientes reajam rapidamente e mudem para um modo de consumo mais contido. Aqueles que estão na base da pirâmide social serão os mais afetados.
2- O atacado consolida sua posição
Com a incerteza econômica no horizonte, o canal de atacado representa um refúgio para os compradores que buscam estocar e fazer seu orçamento funcionar mais. Não há evidências de que esse canal esteja perdendo relevância à medida que a vacinação continua avançando em todo o mundo.
3- Opções omnichannel
Os compradores estão diversificando a forma como se conectam aos canais e buscando conveniência econômica e praticidade. O e-commerce terá um papel importante como espaço de crescimento para o comércio moderno e ferramenta de acessibilidade para outros canais.
Fonte: Consumidor Moderno