No final de abril, o governo editou uma medida provisória que vai oferecer R$ 23 bilhões em crédito para pequenos negócios. Segundo o Ministério da Economia, a expectativa é que os recursos sejam disponibilizados em até 2 meses em mais de 40 bancos.
Segundo os especialistas, é uma boa notícia, mas a tomada de empréstimo deve ser analisada com cautela para evitar a inadimplência.
“Ao contratar um crédito, o empresário tem que ter em mente que está contraindo uma dívida, então precisa avaliar se terá capacidade de pagamento. É como se fosse um remédio que, se tomado na dose errada, pode trazer graves consequências”, afirma o analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, Weniston Ricardo.
A administradora e criadora de conteúdo Nathalia Rodrigues, mais conhecida na internet como Nath Finanças, diz que o segredo é não ter pressa.
“Comece organizando as finanças pessoais e corporativas da sua empresa, monte um fluxo de caixa e faça um capital de giro. Se você não tiver uma boa estrutura, você não vai conseguir usar aquele dinheiro da melhor forma possível”, alerta.
Quando pegar um empréstimo?
O empréstimo não deve ser usado sempre, mas é legal para quando for necessário fazer alguns tipos de investimento, explica Nath Finanças.
“Pode ser usado pra começar um projeto que vai alavancar o negócio ou comprar produtos e matérias-primas. Você tem que entender pra que vai pegar esse dinheiro e se isso vai ajudar o seu negócio a crescer”, diz.
Para Giovanni Bevilaqua, analista de Serviços Financeiros do Sebrae, usar o capital próprio para alguns tipos de investimentos não é aconselhável em um pequeno negócio. Investir em máquinas e equipamentos é um bom exemplo de quando o financiamento é bem-vindo.
“As instituições financeiras oferecem linhas de crédito para compra de equipamentos com condições mais atrativas se comparadas com crédito para capital de giro, onde consideram o histórico da empresa e a capacidade de pagamento dessa dívida”, explica Giovanni.
Antes do empréstimo
Antes de pegar um empréstimo, é preciso planejamento, principalmente em um cenário econômico de crise como o atual, com alta de juros e inflação. O empreendedor tem que saber muito bem qual será a finalidade dos recursos.
“Alguns empreendedores pegam empréstimos e não sabem o que fazer. Se você não tiver um objetivo, vai acabar se endividando”, alerta Nath.
Weniston, do Sebrae, dá algumas dicas:
1 – Analise a gestão financeira do seu negócio: faça um diagnóstico das contas da empresa, buscando identificar a causa dos problemas financeiros. Questione se não existe uma alternativa para ajudar no ajuste das contas, como fazer uma promoção para queimar o estoque e conseguir um recurso adicional ou reduzir algum custo desnecessário no momento.
2 – Identifique a sua real necessidade de crédito: é preciso ter clareza sobre qual será a finalidade do recurso e o valor do financiamento.
3 – Pesquise as linhas de crédito disponíveis: compare as muitas linhas de crédito disponíveis no mercado, analise limites, taxa de juros, carências e outros custos que possam surgir.
4 – Verifique se a empresa está com alguma restrição cadastral: antes de pedir empréstimo, é preciso verificar se os CNPJs ou CPFs dos sócios estão sem restrições. Para obter crédito não pode existir nenhum tipo de restrição, sejam impostos atrasados, débitos com alguma instituição financeira ou até mesmo com contas de água, luz e telefone.
5 – Saiba que garantias você pode oferecer: a falta de garantias é um dos principais obstáculos enfrentados pelos pequenos negócios para acessar as linhas de crédito disponíveis no mercado. Por isso, verifique que tipo de garantia e se ela é suficientes para o valor que precisa. Veículos, imóveis e até parte do financiamento de máquinas podem ser dados em garantia.
Empréstimo para pagar dívida pode?
Muitos empresários querem quitar suas dívidas quando estão inadimplentes e a solução pode ser buscar mais crédito. Nessa hora, só vale a pena fazer outra dívida se as condições forem mais vantajosas, alerta Giovanni Bevilaqua.
“Só é válido fazer outra dívida se os juros forem menores, tiver menor custo e maior prazo para pagamento. É preciso observar taxa de juros, tempo para pagamento e demais condições”, afirma Giovanni.
Nath Finanças diz que o ideal é não fazer vários empréstimos ao mesmo tempo. Isso só gera mais dor de cabeça. Para quem já está nessa situação, a dica é listar todos os empréstimos, com as taxas de cada um, em quantas parcelas foram divididos e o valor inicial e final.
“Depois disso, você vai pegar os empréstimos que possuem maior juros e vai buscar quitá-los. Você também pode quitar os empréstimos menores e ficar apenas com um”, explica.
Fonte: G1